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Empresa pivô de escândalo de corrupção em MT já fechou R$ 69,2 milhões em contratos em MS

por Redacao
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MP do Mato Grosso investiga empresa por fraudes em licitações – Foto: Reprodução

Centro de um esquema de fraudes em licitações que pode ter atingido mais de 100 prefeituras e Câmaras Municipais no Mato Grosso, a Centro América Comércio, Serviço, Gestão Tecnológica LTDA (CNPJ nº 09.179.444/0001-00) já fechou R$ 69.204.915,50 em contratos com dez municípios de Mato Grosso do Sul somente em 2025.

A empresa está implicada na Operação Gomorra, deflagrada pela Naco (Núcleo de Ações de Competências Originárias) – braço do MP de MT – e teve seu proprietário, Jânio Corrêa da Silva, preso, em novembro do ano passado. Conforme as investigações, a Centro América fazia parte de esquema que fraudava licitações para garantir contratos, mediante participação ativa de alguns prefeitos e vereadores para manipulação dos resultados dos certames.

No ramo de gestão de frotas, que é o principal serviço prestado pela empresa aos municípios em MS, a Centro América atuava com ‘cartão coringa’ para desvio de combustível e prática de sobrepreço, segundo investigações. O dono de fato da empresa seria Edézio Corrêa, também preso. Ele já foi denunciado pelo MP de Mato Grosso na Operação Sodoma, por pagamento de propina na gestão do ex-governador do estado vizinho, Silval Barbosa (MDB).

Uma das situações que chamou atenção dos investigadores foi a discrepância de valores entre contratos para serviços semelhantes.

Os serviços prestados pela Centro América com prefeituras em Mato Grosso do Sul são para gestão de frota e quarteirização, ou seja, gerenciar contratos dos municípios com empresas terceirizadas.

Conforme levantamento feito pelo Jornal Midiamax, dez prefeituras de MS fecharam contrato com a Centro América este ano. Confira abaixo:

Município Valor do contrato Prefeito (a)
Água Clara Gerolina da Silva Alves (PSDB) R$ 7.460.577,83
Amambai Sérgio Diozebio Barbosa (MDB) R$ 7.839.057,83
Rafael Gusmão Hamamoto (PP) R$ 7.840.042,02
Ivinhema Juliano Ferro Barros Donato (PSDB) R$ 4.995.750,45
Jardim Juliano da Cunha Miranda, o Guga (PSDB) R$ 6.655.371,28
Juti Gilson Marcos da Cruz (PSDB) R$ 2.000.000,00
Paranaíba Maycol Henrique Queiroz Andrade (PSDB) R$ 14.402.302,89
Pedro Gomes Murilo Jorge Vaz Silva, Delegado Murilo (PL) R$ 5.000.000,00
Rio Verde do MT Réus Fornari (PP) R$ 1.881.827,56
Terenos Henrique Wancura Budke (PSDB) R$ 11.129.985,64
Contratos da Centro América Logística somam R$ 54,8 milhões com nove prefeituras em MS

A maioria dos municípios pega carona em ata de registro de preços da Cimesmi (Consórcio Intermunicipal Multifinalitário dos Municípios do Extremo Sul de Minas).

O maior valor dos contratos é com o município de Paranaíba, que recentemente aditivou pela quinta vez o contrato em mais R$ 4,5 milhões. O serviço contratado é gestão da frota de veículos e maquinários do município.

Já em Terenos, a 30 km de Campo Grande. Por lá, o prefeito Henrique Budke paga o valor para a empresa gerir a frota de veículos, maquinários e para rastreio de veículos. Em agosto do ano passado, o Gaeco (Grupo de Atuação no Combate ao Crime Organizado) deflagrou a Operação Velatus, que revelou fraudes em contratos de obras públicas. O ex-secretário da gestão tucana na cidade, Isaac Bisneto, foi preso.

Em Amambai e Ivinhema, a situação é semelhante. Após aderir à ata da Cimesmi, os municípios contrataram a Centro América para quarteirização de serviços.

Alvo de escândalo em fevereiro deste ano por desvios em verbas para merenda escolar, a prefeitura de Água Clara mantém contrato com a Centro América desde 2023, com renovação para abril de 2026.

O prefeito Juliano Ferro, de Ivinhema, disse apoiar as investigações e que não há irregularidades no contrato envolvendo o município. “Está sendo investigado, o problema é dele, sei como vou conduzir os trabalhos aqui. Se tiver coisa errada, a Justiça que penalize ele. Eu aderi a uma ata, que está ativa. Essa investigação não envolve nenhum gestor aqui de Ivinhema. Sabemos como minha equipe está trabalhando para desenvolver um trabalho com excelência em Ivinhema”.

Já o prefeito de Amambai, Sério Barbosa (MDB), afirmou que a empresa está apta a prestar serviços e cumpre o contrato. “Embora possa ter processos, pela legislação atual está apta a prestar serviços. Eu mesmo gostaria que a legislação fosse mais simples e não precisasse deste tipo de serviço. Na execução dos serviços em nosso mandato está cumprindo o contrato”, apontou.

A reportagem acionou todos os prefeitos dos municípios citados na matéria, mas não obteve retorno até esta publicação. A Centro América também foi acionada pelos canais oficiais de comunicação da empresa, mas também não retornou. O espaço segue aberto para manifestação. Fonte: Midiamaxuol

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