
Operação apreendeu diversos carros de luxo com investigados – Foto: Divulgação/ PF
Megaoperação realizada pela Polícia Federal (PF) no Brasil e em outros dois países mirou o tráfico internacional de cocaína. Segundo investigações, integrante da Máfia Montenegrina atuava em parceria com traficantes de grupo que tinha atividades no Paraguai, controlava todos os processos da droga, desde a aquisição da cocaína em países andinos, até sua distribuição. Entre esses contatos estão pessoas que residem em Mato Grosso do Sul.
A Operação Balcãs, região onde essa máfia tem maior influência na Europa, contou com a colaboração da Europol, a agência da União Europeia para cooperação policial, da Secretaria Nacional Antidrogas (Senad) do Paraguai e da Polícia Nacional da Holanda.
Segundo as investigações, que foram realizadas em conjunto com o Grupo Nacional de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco Nacional) e com o Gaeco no Rio Grande do Sul, do Paraguai partia uma célula da organização criminosa que mantinha conexão permanente com o traficante europeu identificado como comprador das drogas.
Essa estrutura tinha domínio sobre toda a cadeia logística: da aquisição do entorpecente produzido em países andinos até o envio aos portos europeus onde a máfia possuía atuação.
Conforme a PF, essas investigações representam a terceira fase da Operação Hinterland, deflagrada em 2023, e teve como enfoque os compradores das drogas remetidas pela organização criminosa por intermédio de portos brasileiros, em especial decorrentes do aprofundamento dos fatos relacionados à apreensão de três toneladas de cocaína realizada na cidade de Pelotas, a maior da história do Rio Grande do Sul.
Durante a apuração a polícia constatou que os investigados atuaram no envio de, aproximadamente, 12 toneladas de droga à Europa.
A operação ocorreu simultaneamente nos três países e foram cumpridos 14 mandados de busca e apreensão, além de efetuadas três prisões preventivas.
“Foram sequestrados ainda, em território nacional e paraguaio, 27 veículos e 43 imóveis, avaliados em aproximadamente R$ 300 milhões, de propriedade dos investigados e de empresas envolvidas nos crimes, além de determinado o bloqueio judicial de valores e ativos em instituições financeiras”, diz nota da PF.
Em Mato Grosso do Sul, foram cumpridos 12 dos 14 mandados de busca e apreensão cumpridos no Brasil, além de um mandado de prisão.
As ações no Estado se concentraram em três municípios, dois da faixa de fronteira, região historicamente utilizada por organizações de tráfico internacional. Em Campo Grande foi cumprido um mandado de busca; em Dourados, foram cinco mandados e uma prisão preventiva; já em Ponta Porã, fronteira direta com o Paraguai, seis buscas foram realizadas.
Ao Correio do Estado a Polícia Federal informou que esses mandados foram cumpridos contra intermediadores da venda de drogas e também de pessoas que eram usadas para fazer a lavagem de dinheiro desse grupo.
“Pode dizer que eram brokers [intermediadores] e lavadores. Não tinham investigações anteriores. Vendiam para quem comprava, independente de facção. Mas a grande jogada deles era vender droga que seria exportada para a Europa”, declarou a PF.
Com a cooperação internacional e o avanço das investigações, a PF busca agora aprofundar a responsabilização dos integrantes da organização e estrangular o fluxo financeiro bilionário sustentado pelo tráfico transnacional.
A máfia montenegrina refere-se às diversas organizações criminosas sediadas em Montenegro ou compostas por montenegrinos, país localizado na região dos balcãs, na Europa, daí o nome da operação. Fora do país, gangues montenegrinas atuam por toda a Europa, principalmente na Sérvia. Essas gangues tendem a se especializar no contrabando de narcóticos, tabaco e armas.
O relatório estratégico da Europol – European Union Serious and Organised Crime Threat Assessment (Socta), de 2021, identificou 10 grupos de crime organizado de alto risco no país, com destaque para os clãs Kavac e Škaljari, que desempenham papel central no chamado cartel dos balcãs.
A maioria dos demais grupos de alto risco em Montenegro são subordinados ou aliados a um dos dois clãs de Kotor mencionados.
Os principais grupos criminosos especializam-se no contrabando de narcóticos, com o contrabando de cigarros também como foco de várias associações criminosas.
Saiba
Material da Europol aponta que os clãs mantêm ramificações e associados em vários países europeus como Espanha, Itália, Holanda, Alemanha, Bélgica, Grécia, Hungria, Ucrânia e Turquia e presença direta na América do Sul, com portos no Brasil, Equador e Uruguai. Fonte: Correio do Estado
