Os últimos meses foram marcados por um aumento significativo nos casos de queimadas no estado de Mato Grosso do Sul, causando um impacto devastador no agronegócio local. As chamas, alimentadas por condições climáticas extremas e práticas agrícolas inadequadas, destruíram vastas áreas de cultivo, comprometeram a qualidade do solo e do ar e causaram prejuízos financeiros incalculáveis aos produtores rurais.
Danieli Nunes, coordenadora do curso de Agronomia da Faculdade Anhanguera, alerta para as graves consequências das queimadas para o setor: “As queimadas não apenas destroem a vegetação, mas também liberam grandes quantidades de gases do efeito estufa na atmosfera, contribuindo para o agravamento das mudanças climáticas. Além disso, a fumaça gerada pelas queimadas pode contaminar os alimentos e causar problemas respiratórios na população”, analisa.
A especialista elencou alguns impactos imediatos e a longo prazo:
Perda de produtividade: a destruição das lavouras resulta em perdas significativas na produção de grãos, fibras e outros produtos agrícolas, afetando diretamente a renda dos produtores e a segurança alimentar.
Degradação do solo: o fogo elimina os microrganismos responsáveis pela transformação, decomposição da matéria orgânica e pela ciclagem de nutrientes no solo, diminuindo a atividade biológica causando risco de erosão, a recuperação do solo pode levar anos.
Contaminação de recursos hídricos: as cinzas e outros resíduos das queimadas podem contaminar rios e lagos, comprometendo a qualidade da água para consumo humano e animal.
Aumento dos custos de produção: os produtores afetados pelas queimadas precisam investir em novas sementes, fertilizantes e outros insumos para recuperar suas áreas de cultivo, aumentando os custos de produção.
Dificuldades para comercialização: os produtos agrícolas provenientes de áreas afetadas pelas queimadas podem enfrentar dificuldades para serem comercializados, devido à preocupação dos consumidores com a qualidade e a segurança dos alimentos.
Segundo Nunes, para reverter esse cenário e garantir a sustentabilidade do agronegócio sul-mato-grossense, é fundamental adotar práticas agrícolas mais sustentáveis, como o plantio direto, a rotação de culturas e o uso de sistemas de produção integrados. Além disso, é preciso investir em tecnologias que permitam um monitoramento mais eficiente das áreas de risco e um combate mais eficaz às queimadas.
“É preciso que produtores, governo, sociedade civil e empresas trabalhem em conjunto para encontrar soluções duradouras para o problema das queimadas. A adoção de práticas sustentáveis não apenas protege o meio ambiente, mas também garante a competitividade e a rentabilidade do agronegócio a longo prazo”, conclui a docente.