O diretor-geral da Polícia Federal, Luiz Fernando Corrêa, afirmou ontem (3) que o tráfico de cocaína para o Brasil é de origem predominantemente boliviana e dados da Organização das Nações Unidas (ONU) demonstram que a área de plantio da coca nos últimos anos tem crescido no país vizinho. Ele participou de audiência pública na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, para expor as ações implementadas pelo órgão nas áreas de fronteira para o combate ao narcotráfico.
Por força de um acordo bilateral com o governo do presidente Evo Morales, a Polícia Federal já tem pessoal de inteligência atuando na Bolívia. O objetivo, segundo ele, é identificar a origem da produção e o destino das drogas, “o que tem permitido fazer as apreensões”. Corrêa afirmou que trata-se de uma cooperação onde a PF atua nas bases de inteligência da Bolívia e os oficiais daquele país, no Brasil.
Quanto à erradicação do plantio de coca destinado ao narcotráfico, o diretor-geral destacou a necessidade de se respeitar a tradição cultural do povo boliviano, inclusive com a utilização do produto na fabricação de medicamentos. O importante, acrescentou, é que bolivianos e brasileiros atuem conjuntamento no combate à oferta da cocaína e derivados, como o crack, ao Brasil, bem como nas ações de contenção.
“Até agora foram positivos os diálogos [da Polícia Federal] com ministros de Estado e chefes de polícia”, disse Corrêa, ao ser perguntado se o governo de Evo Morales tem imposto dificuldades ao acordo de erradicação de áreas ilegais de plantio de coca.
Luiz Fernando Corrêa também defendeu que o Congresso Nacional defina, no Orçamento da União para 2011, uma rubrica única para o combate ao narcotráfico. Essa decisão possibilitaria, a seu ver, uma ação mais eficiente de órgãos que agem conjuntamente neste sentido, como a própria PF, as Forças Armadas e a Polícia Rodoviária Federal, por exemplo.