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Grupo que abandonou a ferrovia entre Três Lagoas e Corumbá tem lucro invejável em MS

Usina da Raízen, de Caarapó, controlada pelo Grupo Cosan, divulgou nesta terça-feira ter obtido lucro diário de R$ 435 mil na última safra

por Redacao
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Estação do Distrito de Salobra em Miranda, balanço revela que a usina da Raízen de Caarapó teve lucro líquido de R$ 159,2 milhões na safra passada – Foto: Aureo Audi/Gazeta do Pantanal/Arquivo

Responsável pelo abandono dos cerca de 750 quilômetros da ferrovia entre Três Lagoas e Corumbá, o grupo econômico que controla a Rumo Ligística lucra, em média, R$ 435 mil por dia em Mato Grosso do Sul, mas nada disso vai para a manutenção ou revitalização da sucateada ferrovia.

O lucro diário de quase meio milhão é procedente da usina de etanol e açúcar da Raízen que funciona em Caarapó, que fechou a últim safra com lucro líquido de R$ 159,2 milhões, conforme balanço divulgado no diário oficial do Governo do Estado nesta terça-feira (14).

A Raízen é um dos braços do Grupo Cosan, controlado pelo megaempresário Rubens Ometto. A Rumo, responsável pela ferrovia, é outra empresa controlada pelo mesmo empresário.

E o lucro da usina de Caarapó, relativo ao período de março de 2024 a 31 de março de 2025, é somente uma parcela daquilo que o grupo econômico fatura em Mato Grosso do Sul. Em agosto deste ano ele vendeu duas outras usinas que controlava em Rio Brilhante.

Ao contrário de outras empresas, que computam seus lucros de janeiro a dezembro, as usinas de etanol e açúcar computam seus dados sempre ao final de março, seguindo o ciclo do crescimento e colheita das lavouras de cana.

O lucro destas dus unidades não foi divulgado, uma vez que agora elas estão sob o controle da Cocal Agroindústria, pertencente à família paulista Garms, com longo histórico no setor de usinas de cana. Os usineiros deixaram para trás os sheiks do petróleo do fundo de investimentos Mubadala.

A Cocal pagou R$ 1,543 bilhão pelas usinas Passa Tempo e Rio Brilhante. As duas unidades, com capacidade anual para processamentos seis milhões de toneladas de cana, estavam na mira da Atvos, que já tem três outras usinas em Mato Grosso do Sul e é controlada pelos sheiks do petróleo.

Após a venda, a Raízen de Rubens Ometto ficou somente com a usina de Caarapó, que no ano anterior havia fechado com lucro líquido de R$ 156 milhões. Em julho deste ano os acionistas dividiram entre si parte dos dividendos daquele ano, num montante de R$ 82 milhões.

O valor, mesmo que destinado à ferrovia, seria insignificante para revitalizar a chamada Malha Oeste. Serviria, porém, para quitar as 74 multas que a ANTT aplicou à Rumo nos últimos três anos justamente por não cuidar da faixa de domínio, abandonar prédios e não trocar dormentes e trilhos.

A Raízen assumiu o controle das usina de Caarapó, assim como as duas que acabou vendendo em agosto deste ano, em 2021. Porém, o Grupo Cosan é responsável pela sucateada ferrovia desde 2015, ano em que a Rumo incorporou a ALL Logística, que até então controlava a ferrovia em Mato Grosso do Sul. Na época ela já estava parcialmente sucateada, mas seguia em operação.

Em uma tentativa de “ressuscitar” a ferrovia, o Ministério dos Transportes está preparando para fevereiro de 2026 uma nova modelagem de concessão da Malha Oeste, já que a proposta de uma solução consensual foi barrada pelo Tribunal de Contas da União (TCU).

Este novo contrato foi confirmado pelo governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PP), ao Correio do Estado, após conversa com o ministro dos Transportes, Renan Filho. “O ministro Renan Filho me garantiu que terá uma modelagem nova para a ferrovia”, afirmou Riedel, que ainda lembrou que o contrato de concessão da Rumo para o trecho vence em julho do próximo ano e que, por isso, o governo federal terá de licitar a ferrovia. Fonte: Correio do Estado

 

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