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Postos resistem a reduzir o preço da gasolina em Mato Grosso do Sul

Conforme a pesquisa da reportagem, o litro da gasolina comum varia de R$ 5,53 a R$ 5,89 na Capital

por Redacao
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Queda anunciada na semana passada pela Petrobras foi de R$ 0,14 na refinaria e de R$ 0,03 ao consumidor – Foto: Arquivo/Gazeta do Pantanal

Uma semana após anúncio de redução de 4,9% no preço do litro da gasolina nas refinarias da Petrobras, o desconto ainda não chegou aos consumidores. O desconto, que foi de R$ 0,14 nas refinarias, deveria chegar a R$ 0,10 por litro comercializado nos postos de Mato Grosso do Sul, mas na prática a queda foi de R$ 0,03, em média, no Estado.

Dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) apontam que o preço médio do litro da gasolina custava, em média, R$ 5,93, no período entre 12 a 18 de outubro, e passou a R$ 5,90, de 19 a 25 de outubro, redução de 0,5 ponto porcentual. A pesquisa monitorou os preços de 45 estabelecimentos em todo o território sul-mato-grossense.

“O preço dos combustíveis geralmente sobe de elevador e desce de escada. Eles [empresários] muitas vezes acabam retendo essa margem, alegando que o estoque é novo”, explica o mestre em Economia Eugênio Pavão.

Segundo Pavão, o comportamento dos postos e das distribuidoras cria um descompasso entre as medidas anunciadas e o efeito prático no bolso do motorista.

A reportagem do Correio do Estado percorreu 20 postos de combustíveis na tarde de ontem, nas regiões central, leste e sul de Campo Grande, e verificou que a maioria dos postos não baixou o preço conforme o previsto e que o valor está parecido com os praticados na semana anterior.

Conforme a ANP, os preços praticados em Campo Grande reduziram, em média, R$ 0,05. Na pesquisa realizada entre 12 e 18 de outubro o valor cobrado era de R$ 5,76, enquanto de 19 a 25 de outubro o valor médio foi de R$ 5,71. Na pesquisa local realizada ontem, a média encontrada foi de R$ 5,70.

De acordo com o diretor-executivo do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis, Lubrificantes e Lojas de Conveniência de Mato Grosso do Sul (Sinpetro-MS), Edson Lazarotto, é importante frisar que o sindicato não se envolve em preços.

“O mercado é de livre concorrência tanto para as distribuidoras como para postos, mas já deu para observar que houve quedas graduais em diversos postos. Hoje o preço está oscilando entre R$ 5,59 e R$ 5,89, que continua sendo o preço mais barato entre todas as capitais do Brasil”, detalha.

Outros combustíveis

Ainda conforme a pesquisa da reportagem do Correio do Estado, em Campo Grande, a média de preços da gasolina aditivada é de R$ 5,89, do óleo diesel comum, de R$ 5,92 e do diesel S10, de R$ 6,00.

Segundo o economista Eduardo Matos, o que ocorre é que, recentemente, as distribuidoras aumentaram a margem de lucro sobre os combustíveis fósseis.

“Fazendo um recorte de 2020 para cá, o período foi marcado por uma crescente nos preços em um ritmo bastante acelerado. Mesmo considerando essa correção inflacionária, nota-se que, ainda assim, a margem das distribuidoras aumentou. Isso se deve à concentração de mercado”.

O economista ainda detalha que antes havia uma competição mais acirrada entre as distribuidoras.

“Tínhamos um número maior de players. Com a desestatização da BR Distribuidora, hoje Libra, ficou concentrado esse mercado, e isso possibilitou que se apertasse o preço para o consumidor e aumentasse a margem para as distribuidoras. Então, o que ocorre é justamente o aumento da margem via redução da competição. Isso é teoria econômica vista na prática”, ressalta Matos.

“[É] aquela situação em que vemos um oligopólio que tem um controle de preços maior diante dos consumidores em detrimento do preço dado ao mercado. Ou seja, quando há um número menor de concorrentes no mercado, eles possuem maior poder de barganha para precificar os seus produtos e, assim, garantir uma margem de lucro maior”, completa.

Troca

Os dados da ANP apontam que a redução de preço do etanol apresentou uma redução maior que a da gasolina. Nos postos de Mato Grosso do Sul, a queda foi de R$ 0,06, saindo do valor médio de R$ 3,93 para R$ 3,87.

Na Capital, a redução também foi de R$ 0,06 – o litro saiu de R$ 3,84 para R$ 3,78 no intervalo de uma semana. O valor médio de R$ 3,78 também foi constatado na pesquisa local realizada ontem.

Com a redução, em Mato Grosso do Sul, continua sendo vantajosa a substituição da gasolina pelo álcool combustível.

Para descobrir se compensa fazer a troca, é preciso dividir o valor do etanol pelo da gasolina e o resultado deve ficar abaixo de 0,70. Por exemplo, ao dividir R$ 3,87 (etanol) por R$ 5,90 (gasolina), o resultado é 0,65, portanto, a substituição é viável no Estado.

Em Campo Grande, a troca também compensa ao consumidor, já que na semana passada o preço médio do biocombustível foi de R$ 3,78, enquanto a gasolina custava R$ 5,71, resultando em diferença de 0,66.
Matos ressalta que o preço praticado atualmente em Mato Grosso do Sul para o etanol é um dos menores do País, principalmente pela ampliação da produção local.

“É um dos preços mais baixos na história do Estado. Isso, por conta dos investimentos que a cadeia recebeu. Claro, a cana-de-açúcar, que historicamente é o principal, mas também a abertura de usinas de etanol de milho”, finaliza o economista. Fonte: Correio do Estado

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