Trump e Lula – Reprodução/Instagram
A Nelore/MS (Associação Sul-Mato-Grossense dos Criadores de Nelore) avalia com bons olhos a nova MP (Medida Provisória) de R$ 30 bilhões, anunciada pelo Governo Federal nesta quarta-feira (13).
Conforme o presidente da Associação, Paulo Matos, ainda não foi feita uma análise ‘profunda’ de como os setores prejudicados poderão ter acesso a estes recursos, mas a medida demonstra a preocupação do governo em manter o mercado interno estável.
Com relação ao setor produtivo ligado à carne, Paulo revela que ainda não há um dado real em relação aos impactos, e destaca que o setor fechou o mês de julho novamente com recorde de exportação.
“Nós não sabemos exatamente qual é o nível desse impacto dentro da pecuária, mas eu avalio positivamente o governo disponibilizar essa linha de crédito. Nós só precisamos ver como isso vai ser organizado. Ver de onde vem esse recurso, quem vai repassar, qual será a taxa de juro e os prazos. Isso tudo tem que ficar bem claro para que a gente possa fazer uma avaliação mais positiva, mas é um fato importante o governo disponibilizar esse dinheiro”, destaca Paulo.
Associação destaca que setor vive momento positivo
Atualmente, o principal destino da carne exportada de Mato Grosso do Sul é a China. No primeiro trimestre de 2025, os Estados Unidos se consolidaram como a segunda maior exportação, conforme Paulo.
“Até o momento, o número do mercado americano com relação a tudo aquilo produzido no Brasil é pequeno. É um mercado importante, sim, até porque nós passamos anos e anos tentando acessar o mercado americano e não conseguimos. Por outro lado, nós tivemos uma pressão no mercado, inicialmente, com o anúncio do tarifaço. Os próprios setores ligados à indústria tentaram criar um pânico e baixar o preço da carne, mas o preço da carne se recuperou e o mercado está firme. Um exemplo é que batemos o recorde de exportação, porque o momento é muito positivo para a proteína animal brasileira”, detalha o presidente da Associação.
De acordo com Paulo, o norte-americano é o segundo maior consumidor per capita de carne do mundo, e o rebanho do país sofre uma era de defasagem, em termos de quantidade, o que força o país a buscar a proteína por meio da importação.
“Eles vão ter que comprar carne de algum lugar e a carne mais barata do mundo é a carne brasileira. A carne hoje, no Brasil, está em torno de 50 dólares, e a carne americana em torno de 120. E a carne que se aproxima mais do preço da carne no Brasil é a carne do Paraguai. Até Uruguai e Argentina são bem mais caros, em torno de 35, 40% mais caros que a brasileira. Então eu acho que diante de todo esse quadro, se eles não reverterem essa tarifa, eles vão encarecer demais a carne para o consumidor americano”, avalia Paulo.
MS aposta em tecnologia para se sobressair no mercado
Conforme destaca o presidente da Associação, durante muitos anos o setor da carne foi penalizado nos mercados internacionais. No entanto, o produtor brasileiro, em especial o sul-mato-grossense, investiu em evolução em tecnologia e melhoramento genético para os rebanhos.
“Hoje nós temos uma carne considerada a melhor carne, em termos de qualidade, de maciez, e marmoreio. Nós somos, hoje, livres de febre aftosa sem vacinação, o que é uma conquista enorme que os produtores brasileiros conquistaram, e isso abriu muitos mercados para a carne brasileira, principalmente para a carne do Mato Grosso do Sul”, explica.
Além disso, Paulo destaca que existe, atualmente, uma grande demanda por proteína animal de boa qualidade, em diversos locais do mundo, e que o Brasil vem se destacando na exportação.
“Isso faz com que a gente tenha uma perspectiva positiva. Esse avanço na qualidade vai propiciar que o Brasil realmente se consolide, como vem acontecendo já desde 2022, recorde em volume de exportação para atender a demanda de proteína animal no planeta”, finaliza.
Governo Federal anunciou MP de R$ 30 bilhões
Na manhã de hoje (13), o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, anunciou um pacote de medidas para apoiar o setor produtivo afetado pelo tarifaço de 50%, imposto pelo governo dos Estados Unidos. O plano de apoio prevê R$ 30 bilhões em crédito, e será viabilizado por meio de uma MP (medida provisória).
Além disso, foi anunciado também que haverá um adiamento fiscal, pois a Receita Federal está autorizada a adiar a cobrança de impostos para as empresas mais afetadas pelo tarifaço. Fonte: Midiamaxuol