Um estudo da Universidade Federal do Rio de Janeiro, em parceria com o Ministério das Mulheres, detectou o aumento do discurso de ódio contra mulheres na internet.
Mulheres com mais de 30 anos, feministas, mães solteiras. Segundo o estudo, elas se tornaram alvos preferenciais de um grupo raivoso e crescente: influenciadores digitais, quase todos homens, que produzem vídeos, fazem entrevistas e propagam o ódio contra as mulheres, de forma explícita ou mascarada. É a misoginia: uma ideologia baseada no desprezo, controle, humilhação e violência psicológica ou física contra as mulheres.
O aumento do número de canais e de vídeos com esse tipo de conteúdo no YouTube foi analisado por pesquisadores do Laboratório de Estudos de Internet da Universidade Federal do Rio de Janeiro, em uma parceria com o Ministério das Mulheres. De 2018 a 2024, o estudo identificou 137 canais que pregam a misoginia. Em alguns casos, vendem livros e até cursos que defendem o ódio contra as mulheres independentes e feministas e dizem que é preciso humilhar e controlar uma mulher para conquistá-la.
A coordenadora do estudo diz que o primeiro desafio é identificar os discursos misóginos, que muitas vezes vêm mascarados:
“Esse discurso, às vezes, vem mascarado com outros recursos como humor, como o uso das imagens. Ele vem velado, ele aparece em gestos. Então, nem sempre ele é explícito. Mas na maioria das vezes é diferente até da nossa expectativa inicial”, afirma Luciane Belin, coordenadora do estudo.
Estudo identifica crescimento do discurso de ódio contra mulheres na internet — Foto: Jornal Nacional/ Reprodução
Os mais de cem canais identificados no YouTube publicaram 105 mil vídeos que tiveram 3,9 bilhões de visualizações nos últimos seis anos. De acordo com o estudo, 80% dos canais usam estratégias de monetização, como anúncios e vendas de produtos, e faturam com o ódio às mulheres. Fonte: Jornal Nacional