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Família de candidato em MS é acusada de trabalho escravo

por Redacao
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A campanha eleitoral tem trazido à tona investigações sobre trabalhos degradantes (análogos a escravidão) e infrações ambientais. Esse é o caso de Itaporã, cidade da Grande Dourados, a 233 quilômetros de Campo Grande, onde a família Carbonaro, ligada ao candidato a prefeito Tiago Carbonaro (PP), enfrenta acusações de trabalho escravo.

Durante uma fiscalização do Ministério do Trabalho, em conjunto com o Ministério Público do Trabalho e a Polícia Militar, sete trabalhadores foram encontrados em condições análogas à escravidão na Fazenda Santa Maria, em Bela Vista, entre 13 de março e 25 de abril de 2022.

A propriedade pertence a Aristeu Alceu Carbonaro e Álvaro José Carbonaro, tio e pai de Tiago Carbonaro, candidato a prefeito de Itaporã.

Os trabalhadores enfrentavam condições degradantes, sem alojamento adequado, obrigados a se abrigar em barracos de lona – Foto: Reprodução

De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), em relatório do procurador Alexandre Aparizi, os trabalhadores enfrentavam condições degradantes, sem alojamento adequado, obrigados a se abrigar em barracos de lona e a dormir em tarimbas (camas de madeira) ou redes.

A água disponível para consumo não tinha proteção contra contaminação, e não havia local adequado para armazenar alimentos ou realizar refeições. Os trabalhadores relataram ainda a falta de banheiros, sendo obrigados a fazer suas necessidades fisiológicas no mato, em condições insalubres e sem privacidade.

Os auditores fiscais do trabalho informaram que os funcionários trabalhavam das 5h às 11h, com intervalo para almoço, e retomavam as atividades entre 12h e 13h, estendendo-se até as 17h.

A jornada, portanto, variava de 10 a 11 horas diárias, superando as 44 horas semanais permitidas pela lei. Alguns trabalhadores também afirmaram que a alimentação não era fornecida pelo empregador.

Relato da vítima

Uma das vítimas relatou que trabalhou por oito meses na Fazenda Santa Maria na construção de cercas para contenção do gado. Segundo ele, o gerente da fazenda, Edilson Pereira das Graças, informou que os alojamentos estavam ocupados e que os trabalhadores deveriam “se virar” para encontrar hospedagem.

Eles improvisaram barracos de lona, dormiam em tarimbas e buscavam água em um córrego próximo, pois a água trazida de trator estava frequentemente contaminada, causando crises de diarreia em alguns colegas.

Tiago Carbonaro, candidato a prefeito de Itaporã pelo PP e o pai, cuja fazenda foi flagrada com trabalhadores em condições análogas à escravidão –  Foto: Instagram/Reprodução

O gerente Edilson negou as acusações, afirmando que a família Carbonaro forneceu alojamento com água, luz e banheiro, mas os trabalhadores recusaram por estar distante do local de trabalho. Ele também afirmou que a água era proveniente de um poço artesiano, consumida por todos na fazenda.

Álvaro Carbonaro declarou desconhecer as condições dos trabalhadores, que foram contratados por seu irmão em parceria com o gerente da fazenda. Aristeu, por sua vez, disse que os alojamentos adequados foram oferecidos e que não havia visto os barracos durante suas visitas esporádicas à fazenda.
A denúncia foi aceita pela Justiça Federal, e Edilson, Álvaro e Aristeu foram formalmente acusados em julho deste ano.

Além das acusações de trabalho análogo ao escravo, os proprietários da Fazenda Santa Maria estão sendo investigados pelo Ministério Público Estadual por possível desmatamento irregular em 122,58 hectares de área de Preservação Permanente.

A promotora Nara Mendes dos Santos Fernandes informou que, apesar de os proprietários negarem a responsabilidade pelo desmatamento, não buscaram uma solução amigável para o problema, o que levou à conversão do inquérito em ação civil pública.

Outro lado

Procurado pela reportagem para comentar o caso, o candidato Tiago Carbonaro limitou-se a responder “boa tarde” e não acrescentou mais informações.

O espaço permanece aberto para o posicionamento dos envolvidos. Fonte: Correio do Estado

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