O debate sobre o sistema alimentar brasileiro é uma pauta urgente para o país. São tempos em que muito se pergunta “De onde vem a comida que chega na nossa mesa?”. Pensando nisso, a Énois decidiu levar essa prosa para o âmbito das periferias do Brasil e da gastronomia por meio do “Prato Firmeza: um diálogo entre campo e cidade”.
É com esse tema que o Prato Firmeza, o guia gastronômico das quebradas, chega a sua quinta edição. Desta vez, o livro mapeia estabelecimentos alimentícios localizados nas periferias de dez cidades, nas cinco regiões do país, que tenham fornecimento de agricultores, extrativistas, pescadores e etc. As histórias e pratos mapeados tem como sede as cidades e arredores de Belém (PA), Cuiabá (MT), Florianópolis (SC), Maceió (AL), Manaus (AM), Recife (PE), Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA), São Luís (MA) e São Paulo (SP).
O guia é viabilizado por meio da Lei de Incentivo à Cultura, com realização da Énois e Ministério da Cultura, do Governo Federal.
A pegada local não vem só da gastronomia, mas também do jornalismo que constrói o guia. O projeto conta com a participação de dez iniciativas de comunicação espalhadas pelo Brasil, que também vão realizar formações sobre alimentação e comunicação em escolas públicas das suas cidades e produzirão uma série de podcasts que abordam fornecedores locais das cidades.
São elas: Agência Lume, Awalé, Coletivo Aruandê, Coletivo Cumbuca, Coletivo Tejucupapos, Com_Texto, Manda Notícias, Olhos Jornalismo, Maré Cheia Produtora e Reocupa.
Entender a efervescência gastronômica que existe em lugares mais populares dos grandes centros urbanos é um compromisso do Prato Firmeza, que agora se expande na compreensão da produção de alimentos e sobre quem fornece para esses centros urbanos. Evidenciar essas temáticas colocam o jornalismo cultural e gastronômico em outra lógica de funcionamento, com um olhar mais atento e sensível.
“É emocionante ver a dimensão que o Prato Firmeza ganhou, agora alcançando periferias tão diferentes e tão iguais da onde nasceu. Do Capão Redondo, Zona Sul de São Paulo, pelas ideias de Matheus Oliveira, que frequentava as oficinas de jornalismo que as fundadoras da Énois propunham, agora alça um voo alto nesta edição. Alto porque vai longe, pela primeira vez, com dez cidades e seus arredores dando corpo à discussão sobre o alimento que chega e serve às periferias”, comemora Jessica Mota, coordenadora do projeto.
Os coletivos do projeto participaram de encontros formativos com temas como “Como escrever sobre comida?” e “O caminho que a comida faz” entre outros, com facilitação de Beatriz Mazzei, que é jornalista, redatora de Diversidade e já escreveu pro Prato Firmeza Preto, assim como de Ana Chã, integrante do Movimento de Trabalhadoras e Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e pesquisadora na área de Desenvolvimento Territorial, respectivamente.
“É desafiador e riquíssimo trabalhar com as diferentes percepções do conceito de periferia, que não são as mesmas do eixo Rio-São Paulo. Outra diferença é a abordagem do caminho entre campo e cidade, isso nos fez buscar a origem de todos os alimentos que apresentamos, e identificar diferentes relações de produção agrícola, de piscicultura, e muita comida que os restaurantes, mesmo em regiões urbanas, produzem no próprio quintal”, explica Camila Rodrigues, coordenadora editoral do Prato Firmeza: um diálogo campo e cidade.
O guia terá sua versão digital disponibilizada no site da Énois ainda neste semestre. Assim como a versão impressa será lançada junto às iniciativas de comunicação participantes.
Sobre o programa
O Prato Firmeza é o primeiro guia gastronômico a mapear restaurantes, bares, lanchonetes e carrinhos de comida das periferias brasileiras. Em suas três primeiras edições (2017, 2018 e 2019), abordou estabelecimentos alimentícios que estão fora do radar da gastronomia da cidade de São Paulo, a partir do olhar de jovens repórteres locais formados pela Escola de Jornalismo da Énois. Sempre com um olhar sensível, local e diverso.
Em 2020, a quarta edição do Prato Firmeza deu um passo muito significativo, aproximando os debates levantados pelo programa à luta antirracista. Com uma equipe 98% formada por pessoas negras, mapeou empreendimentos de pessoas negras, contando com produção jornalística dos coletivos Agência Mural, Alma Preta, Periferia em Movimento, Preto Império e Vozes das Periferias e parceria com a Feira Preta.
Em 2021, o projeto recebeu o Prêmio Jabuti na categoria Economia Criativa, pelo Prato Firmeza Preto. E também organizou junto com data_labe e LabJaca o Prato Firmeza RJ (Rio de Janeiro). Já em 2022, em parceria com PerifaCon e redação do Alma Preta, foi realizado o Prato Firmeza Geek, que apresentou cozinheiros inventivos do universo nerd, das periferias de São Paulo.
Ao total já são 189 estabelecimentos registrados, com cerca de 200 pessoas envolvidas nas produções. Fonte: Énois
Saiba mais: https://pratofirmeza.com.br/