Para festejar os 130 anos do bairro, a Sala Municipal Baden Powell promove, gratuitamente, uma série de atrações, nesta quarta-feira
No dia 6 de julho de 1892, durante a inauguração provisória do Túnel de Real Grandeza, atual Túnel Velho – ligando a Rua Real Grandeza, em Botafogo, com a Rua do Matoso atual Rua Siqueira Campos -, foi lavrada uma ata que marcou, oficialmente, o nascimento de Copacabana.
Copacabana
Copacabana é um bairro da zona sul do Rio de Janeiro, conhecido por sua linda praia e seu emblemático calçadão. A história do bairro é cheia de tradição, musicalidade e glamour.
A Praia de Copacabana é uma das mais famosas do mundo e ganhou o apelido de “princesinha do mar”. Quanto ao Calçadão de Copacabana, foi construído em 1906, com pedras pretas e brancas , trazidas de Portugal, o que lhes deu o apelido de “pedras portuguesas”. A denominação se mantém até hoje, por mais que as pedras agora sejam extraídas no Brasil.
O bairro de Copacabana, quando acabou a segunda guerra mundial, se tornou um lugar para as famílias ricas da cidade na época, residirem. Mas, antes disso, Copacabana já era cantada por cantores muito famosos, como Noel Rosa que compôs a música ‘’Tarzan, o filho do alfaiate’’ em 1936. Uns anos se passaram e Ary Barroso compôs a música ‘’A casta de Suzana’’, a música fala sobre conhecer a mulher nas areias de de Copacabana.
O apelido ‘’Princesinha do mar’’…
Em 1946, com a a música ‘’ Princesinha do Mar’’ de João de Barro, Braguinha, e, Alberto Ribeiro e inicialmente gravada por Dick Farney, fez com que o bairro de Copacabana ficasse conhecido mundialmente, e isso fez com que houvesse várias gravações, como a versão de Tom Jobim.
Na década dos anos 50, o Brasil viveu uma ascensão na música. Começou com o compositor Dorival Caymmi que compôs a música ‘’Sábado em Copacabana’’ na em 1950, que foi originalmente gravada em 1951 por Lúcio Alves. O cantor teve como parceiro nessa canção Carlos Guinle, que era da alta sociedade carioca daquela época.
Na música ‘’Baião de Copacabana’’, o músico Lúcio Alves, já fala em sua letra sobre como a vida no bairro é cara, mas que vale o preço, como fala no em um verso: ‘’Copacabana, Copacabana /Ai quem me dera /Que eu pudesse te deixar/ A vida é cara, o sol me queima /Mas eu não posso viver bem /Noutro lugar.’’ Isso acontece pois, no ano de 1949, foi criado o túnel Novo e isso facilitou o acesso a área e consequentemente, aumentou o turismo nas areias do famoso bairro, aumentando o numero de hotéis.
Naquela época também estava sendo construída no governo JK, Brasília, e Billy Blanco reagiu a s ideias desenvolvimentistas, compondo uma música sobre a transferência da capital do país que era no Rio de Janeiro, para Brasília. O nome do samba é ‘’Não vou para Brasília’’ e foi gravada pelo grupo Os Cariocas, em 1957. Quando foi gravada, a música foi censurada, mas, mesmo assim fez muito sucesso pelos versos animados.
A criação de um novo gênero musical: Bossa Nova
A ‘’Bossa Nova’’ nasceu na Avenida Atlântica , na casa de Nara Leão, onde a partir de 1956, jovens da classe média, se reuniam. Além disso, em 1958, o ‘’Rock and Roll’’ é lançado no Brasil, justamente em Copacabana, no Copa Golf onde hoje é o Shopping Cassino Atlântico . Do Leme ao Posto Seis, Copacabana torna-se definitivamente centro de lazer da cidade.
Também em 1958, Herivelto Martins compôs a música ‘’Nova Copacabana’’ com David Nasser, que fala sobre a beleza do bairro, e, mais tarde gravada pelo músico Nelson Gonçalves, e , além disso, na letra que foi realizada em 1958, ainda fala que o Rio de Janeiro é a capital do país no verso :’’ Capital proibida no amor/ É o sol e os beijos na areia/São toalhas de luz e calor’’.
Alguns anos depois, o tal bairro, voltou a ser cantado. Em 1965, Elis Regina compôs a música ‘’Domingo em Copacabana’’, ainda falando de uma forma elitizada do bairro, mas colocando em versos de sua música, sobre a fama do bairro: ‘’Copacabana bela / Lua de luz acesa / Ando calçada cheia’’
No final dos anos 60, Caetano Veloso, com seu álbum ‘’Caetano Veloso’’, lançou a música ‘’Superbacana’’ , e, por ser tropicalista, usou do movimento para a composição de sua musica e para muitos foi uma novidade, porque todas as musicas sobre o bairro falavam sobre a sua beleza.
Em 1970, Copacabana continuou sendo frequentado por artistas famosos com seu carros exuberantes no calçadão do bairro. Nessa época, além de ser frequentada pela elite carioca, a classe média começou a se deliciar nas águas da praia, o que fez com que muitos moradores do bairro reclamarem, pois, como era um bairro conhecido internacionalmente, não podia estar ligado ao resto do Rio de Janeiro, que não tinha uma riqueza tão grande.
O famoso Reveillon de Copacabana…
A tradição do ‘’Reveillon de Copacabana’’, começou nos anos 80, e, quem começou com a tradição dos fogos de artifício foram os donos do antigo hotel ‘’Meridien’’ que ficava em Copacabana. O prédio de 39 andares recebia uma cascata de fogos que saia de seu topo e ia descendo pelos andares do arranha-céu. Assim, outros hotéis também começaram a financiar a festa dos fogos atraindo turistas e moradores.
Gilberto Gil, cantor tropicalista, em 1983, lança uma música chamada ‘’Mar de Copacabana’’ e repercutiu muito na época, fazendo com que o álbum ‘’Extra’’ do cantor ganhasse vários prêmios pelo reconhecimento internacional, por ser considerada um olhar pelo dia a dia a beleza de sua praia.
No final dos anos 80, lançaram e lançam modismos na música, nos esportes e na maneira de ser, como: o uso da lambreta, do blues jeans, o rock’n roll, esportes e a freqüência maciça aos cursos de línguas estrangeiras (na década de 90, com o aumento dos cursos de informática).

Bairro de Copacabana, Rio de Janeiro – Foto: Áureo Audi/Gazeta do Pantanal
A cantora Nana Caymmi, em 1985, lançou a música que seria mais tarde o apelido do bairro. ‘’Copacabana’’ fala sobre a beleza, leveza e da paz que o lugar aparentava, como diz em um dos seus versos: ‘’Copacabana princesinha do mar / Pelas manhãs tu és a vida a cantar / E a tardinha o sol poente /Deixa sempre uma saudade /Na gente’’
Por outro lado, em 1987, o grupo Barão Vermelho, com um novo ritmo musical, lançou a música ‘’Copacabana’’, agora não só falando sobre a beleza de sua praia, calçadão, mas falando sobre a vida noturna do famoso bairro, principalmente sobre o ‘’lado obscuro’’ que ninguém falava na época.
Copacabana tinha muitas livrarias e sempre deu um espaço especial aos programas teatrais e cinematográficos, tornando-se o bairro pioneiro no surgimento de cineclubes, concertos musicais e a ter platéia para as concertos de jazz, sempre com muito sucesso.
Copacabana e o Rock’n Roll
Com a ascensão do jazz, a musicalidade aumentou, agora não só do movimento Bossa Nova, que era um movimento elitista de moradores do bairro. Após ficar um período sem ser cantada, Copacabana voltou a ser falada pela cantora Rita Lee, com a cançao ‘’ Copacabana Boy’’,composta em 2003. A qual que se declara para um amor morador do bairro. Essa música fez com que Copacabana perdesse o título de bossa nova, pois como é do gênero pop, afirmou que estava além da elite.
Seguindo com a musicalidade de Copacabana, em 2008, Marcelo Camelo, integrante do grupo Los Hermanos, compôs uma música sobre o bairro, ‘’ Copacabana’’ e mesmo não sendo muito conhecida, retrata o dia a dia dos moradores, assim como os do Bairro Peixoto, um bairro dentro de Copacabana, e em um dos seus versos, afirma que o destino do homem é e sempre será Copacabana ‘’ Mesmo pra quem só carece de ver a viagem todo caminho que fazem / Todo destino padece aqui’’
Em 2018, Marina Íris, escreveu ‘’ Copacabana, Valsa’’, sobre o querido bairro, trazendo não só costumes do dia a dia, mas um relato de como é o bairro no século XXI, sobre a noite boêmia de Copacabana, mas sem tirar a leveza de seu mar e sua poética do encanto.
Comemoração
Para festejar os 130 anos do bairro, a Sala Municipal Baden Powell promove, gratuitamente, uma série de atrações, nesta quarta-feira (06/07), a partir das 14h.
Confira a programação completa:
14h – Abertura do portão/entrada do público;
14h20 – Pocket show Grupo Cultural O Som das Comunidades – Duo Voz e violão Luis e Thaisa. Projeto social no Complexo do Turano, Centro do Rio, cujo objetivo é a inclusão social através do ensino e da profissionalização na área da música;
15h50 – O jornalista cultural André Grimião, um dos gestores do perfil Rio Antigo, fala sobre Copacabana;
16h – Show de Dandara Alves Trio (samba). Com um repertório que contempla compositores consagrados e nomes da nova geração do samba, a cantora apresenta o show “Quilombo: canções afirmativas”, “um apanhado das músicas que enaltecem a negritude”, segundo ela;
16h30 – Parabéns para Copacabana / Encerramento.