Em meados do mês de maio, o empresário e ex-vereador Aparecido Rojo Duarte, protocolou denúncia no Ministério Público,solicitando providências com relação as reformas que vinham sendo realizadas na igreja Matriz Nossa Senhora do Carmo,localizada no município de Miranda.
Em seguida, um grupo de mirandenses se organizou, através de uma rede social , iniciou–se então, uma campanha contra a descaracterização do prédio da igreja.
Posterior a isso protocolaram ofício junto a Secretaria de Estado de Cultura, Turismo, Empreendedorismo e Inovação, solicitando informações sobre a situação do prédio da matriz.
O oficio foi assinado e protocolado pela Sra.Maura Xavier Freire Siufi, ex-secretária de Turismo de Miranda, pelo advogado Sergio Maidana e pela jornalista Marta Xavier Freire Audi, com o apoio de centenas de Mirandenses que através de uma rede social, realizaram um abaixo assinado em defesa da preservação do prédio da igreja.
Athayde Nery, secretário da pasta recebeu o documento e determinou que uma equipe, chefiada pelo Gerente de Patrimônio Histórico e Cultural, Caciano Lima fosse até Miranda e verificasse in loco a real situação do imóvel.
Em Miranda, os técnicos vistoriaram o prédio; se reuniram com a prefeita da cidade, Juliana Almeida que solicitou que a obra fosse paralizada, até que saísse um laudo conclusivo, realizado pelos técnicos do Estado.
A partir daí, a Câmara Municipal aprovou uma lei que tem como objetivo proteger o patrimônio histórico e cultural da cidade, bem como instituir o Conselho Municipal de Cultura.A lei é de autoria da vereador Elange Ribeiro.
Hoje a Secretaria de Estado de Cultura enviou oficio com cópias ao padre Sandrosvaldo Gonçalves, da paróquia de Miranda, bem como a Diocese de Jardim, e ao Ministério Público solicitando que os responsáveis pela autorização da reforma da matriz, realizem,num prazo estabelecido em 90 dias, a reversão das intervenções a que o prédio fui submetido,sob pena de aplicações de multa,prevista na Lei nº3522/08. A decisão tomou como princípio, o processo de tombamento do prédio da igreja, bem como do sino que foi publicação em Diário Oficial do Estado de MS nº 4696,do dia 21 de janeiro de 1998, página 07, cumprindo rigorosamente o que estabelece o princípio da publicidade.
Reforma
As intervenções na Igreja Matriz Nossa Senhora do Carmo tiveram início em meados de abril,sob a coordenação de um grupo de católicos da cidade. A obra foi orçada em R$ 103.527.60,00 (cento e três mil, quinhentos e vinte e sete reais e sessenta centavos) e tem como responsável técnico empresa denominada, “Empresa Prestadora de Serviços Pantanal”, com sede no município de Aquidauana, conforme placa anexada na fachada da Igreja.
Fotografias revelam que as intervenções ocorreram tanto na parte interna quanto externa do prédio. A descaracterização da igreja chamou a atenção de muitas pessoas que,inclusive de alguns mirandenses que não residem mais no município.
A mobilização através das redes sociais e as ações práticas desencadearam debates contrários e favoráveis a continuidade da obra e /ou a paralisação da mesma,o que acabou ocorrendo.
Conciliação
Segundo informações do Gerente do Patrimônio Histórico e Cultural do Estado de Mato Grosso do Sul, Caciano Lima a partir de agora, será realizado a juntada de documentos históricos,fotografias que possam reproduzir a verdadeira identidade, a“face” da igreja antes da descaracterização. “Os responsáveis terão prazo de 90 dias para reverter o estrago provocado no prédio”.
Ele avaliou que seria importante a união entre representantes da sociedade, igreja, órgãos públicos para que é a preservação do patrimônio histórico seja mantida e respeitada. Por diversas vezes o pároco da Igreja Matriz de Nossa Senhora do Carmo, padre Sandrosvaldo Gonçalves foi procurado mas não se manifestou oficialmente sobre o assunto, que foi tema de discussões acaloradas entre devotos e sociedade de maneira geral.
Histórico
A Igreja Matriz de Nossa Senhora do Carmo foi construída em 1931 por dois construtores e engenheiros, Pedro Macellaro e Arlindo Sampaio Jorge, sob a orientação dos missionários redentoristas, Afonso Maria Hild e Henrique Pflug.
Os redentoristas foram os responsáveis pela edificação de diversos conjuntos arquitetônicos que agregavam igrejas e escolas. Fotos: arquivo