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ARTIGO: MS, Lula, Dilma… e Gleisi

por Redacao
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MS, Lula, Dilma… e Gleisi

                            *(Por Edson Moraes)

De mamando a caducando, de A a Z, todas as principais vozes do mundo político de Mato Grosso do Sul consideraram, com otimismo, a expectativa de que a nomeação de Gleisi Hoffmann para a chefia da Casa Civil da Presidência da República foi um presente inesperado para o estado. Vigora nesse raciocínio a lógica que brota de dois fatores pontuais: um, o fato de Gleisi ter experimentado uma curta, porém intensa, convivência com os sul-mato-grossenses no tempo em que atuou como secretária extraordinária de Reestruturação Administrativa do primeiro governo de Zeca do PT. Nesse período, o marido de Gleisi, Paulo Bernardo, foi secretário de Receita e Controle. O casal, portanto, ocupou pastas estratégicas que mexeram no modelo estrutural de gestão.

O segundo fator que faz pender a previsão otimista quanto às vantagens estaduais com Gleisi vem de uma condição ainda mais sólida que a meteórica passagem do casal de secretários e hoje casal de ministros por Mato Grosso do Sul. Trata-se do legado que deixou o presidente Lula durante os oito anos em que governou o País como um verdadeiro magistrado, a ponto de ser alvejado por morteiros de flancos petistas indignados com a atenção com que foram contemplados diversos governantes de partidos de oposição, principalmente governadores e prefeitos do PSDB, DEM e PPS. Ora, quem se insurgiu contra esse comportamento de dignidade e grandeza, natural de um verdadeiro estadista, joga contra a história e contra a própria lógica da ética e da função de um dirigente que, por excelência, cumpre a excelência da investidura.

Se quiser ser diferente e até melhor que Lula, se quiser imprimir sua marca pessoal e atingir o patamar de prestígio e respeito granjeado por seu predecessor, a presidenta Dilma pode até inovar, adotar novos caminhos e melhorar o que não estava bom no governo que herdou, mas jamais poderá fugir da linha central da postura que Lula manteve, sob trovões e trovoadas, para governar o Brasil para os brasileiros e não para um partido. Na verdade, governando para todos os brasileiros, o ex-presidente Lula fez o que o seu partido, o PT, precisava e queria: justamente convencer a sociedade que seu líder máximo representava o oposto do estigma de sectarismo que tentaram colar em seu perfil desde que iniciou sua trajetória nas lutas sindicais e na política.

Desta forma, há lugar e há sensatez quando se projeta uma resposta positiva do grau de atenção que Mato Grosso do Sul receberá do Planalto com a nomeação de Gleisi Hoffmann. E é bom entender que esse olhar não será parcial no que concerne à concessão de privilégios, mas exatamente na erradicação destes, haja vista que por décadas – ou melhor, séculos – os chamados grandes centros (SP, RJ, MG, BA, RS) sempre gozaram das preferências dos governantes quando se estavam em choque os interesses dos estados.

Acredita-se que a nova ministra, com suporte da presidenta, vá atuar no sentido de impedir que a força representativa de bancadas, receitas, populações e PIBs maiores sufoque o andar e o respirar dos estados menores. E que não fique na utopia perene a necessidade de extinguir – ou reduzir ao máximo – as desigualdades regionais, instaladas de vez graças à interminável guerra fiscal que ganha sobrevida a cada dia de procrastinação da reforma tributária.

                              *Edson Moraes é jornalista 

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