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Cachoeira e São Félix: Recôncavo Baiano

por Redacao
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Prédio da Irmandade da Boa Morte (grupo remanescente de escravos, primeiro terreiro de candomblé do país)

Cena indescritível é a da chegada às cidades baianas de São Félix e Cachoeira, parece que estamos entrando num cenário cinematógrafico de filme de época. Separadas pelo rio Paraguaçu que nasce na Chapada Diamantina e ligados por uma ponte de ferro (Rodoferroviária) construída por ingleses e inaugurada por D. Pedro II em 1859, os municípios têm belíssimos prédios coloniais.

Cachoeira
Em uma volta rápida pelo centro da cidade é possível ver a riqueza dos detalhes das construções como o prédios da Santa Casa (1734), a Capela de Santa Bárbara, o Chafariz Imperial (1827), a Igreja da Ordem Terceira do Carmo (1724), a Matriz Nossa Senhora do Rosário e o sobrado da Irmandade da Boa Morte (grupo remanescente de escravos, composto só de mulheres negras, primeiro terreiro de candomblé do país). Tombada pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) em 1971, passou a ser “Cidade Monumento Nacional” e depois de Salvador é a cidade baiana que reúne o mais importante acervo arquitetônico do estilo barroco.

No século XIX Cachoeira teve projeção na história política nacional. Dali ecoaram os primeiros gritos contra a opressão portuguesa, visando a criação de um movimento organizado em prol da independência do Brasil.
Foi a Câmara Municipal de Cachoeira que, em 1822 proclamou D. Pedro “Príncipe Regente do Brasil”. A cidade foi capital da Bahia independente durante 16 meses, assim como em 1837, durante a Revolta da Sabinada.

Por toda sua representatividade, nos dias 25 de junho Cachoeira é oficialmente a sede do governo da Bahia. A lei estadual que determina a transferência foi criada em 2007 e em 25 de junho de 2008 o governador e seu secretariado já despacharam da nave principal do Convento do Carmo.
De acordo com o historiador Luís Henrique Dias Tavares, no livro “Independência do Brasil na Bahia”, em 22 de junho de 1822, uma canhoneira portuguesa que protegia o rio Paraguaçu abriu fogo contra o reduto independentista baiano, deixando vários mortos. “Logo após os primeiros tiros da canhoneira começou a luta para silenciar a embarcação de guerra, aprisionar o seu comandante e marujos e desarmar e prender os soldados e os portugueses que haviam feito disparos. Assim começou a guerra pela Independência do Brasil na Bahia”, descreve.

E ainda falando dos portugueses, na rua 13 de maio, no Centro Histórico de Cachoeira fica um lindo prédio do século XVII que serviu de hospedagem para o Imperador D. Pedro II, em 1858 e para a Princesa Isabel e o Conde D’Eu em 1885. Hoje reúne mais de 13 mil peças de entre xilogravuras e matrizes, cópias assinadas e não assinadas de uma das personalidades que viveram na cidade, o alemão Karl Heinz Hansen, o Hansen Bahia. Marinheiro, escultor, poeta, escritor, cineasta, pintor e xilógrafo adotou o Estado até no nome.

Além da importância histórico-política a cidade também é palco de uma das principais manifestações do sincretismo religioso do país: a Festa de Nossa Senhora da Boa Morte. O evento ocorre todos os anos no mês de agosto (neste ano entre os dias 13 e 17, confira programação clicando aqui). O calendário da festa inclui missas e procissões representando o falecimento de Nossa Senhora e também apresentações do Samba de Roda. Este último, uma mistura de dança, poesia, música e festa que é ligado ao culto aos orixás, é considerado “Obra Prima do Patrimônio Oral e Imaterial da Humanidade” pela UNESCO.

O ritmo afro-brasileiro nasceu no Recôncavo baiano por volta de 1860. “O samba nasceu lá na Bahia, se hoje ele é branco na poesia, ele é negro demais no coração.”, diz a música do poeta Vinícius de Moraes.
Ícone de Brasil, o mais famoso ritmo nacional, o Samba (e seus variantes), teve como base o Samba de Roda nascido nos contornos da Baía de Todos os Santos.

Onde ficar em Cachoeira
Pensão Tia Rosa
Rua Ana Nery, 12 – Centro Tel (75) 3425-1792
Pousada 25 de junho
Praça 25 de junho, 12 – Centro Tel (71) 3336-5775
Pousada Beira Rio
Rua Do Carmo, S/N – Centro Tel (75) 9991-0967
Pousada Da Matriz
Rua 8 de maio – Centro Tel (75) 9117-5609
Pousada Dajuda
Ladeira Da Ajuda , 02 – Centro Tel (75) 3425-5278
Pousada Do Convento
Praça da Aclamação, S/N – Centro Tel (75) 3425-1716
Pousada Do Guerreiro
Rua 13 de maio, 14 – Centro Tel (75) 3425-3016
Pousada Labarca
Rua Inocêncio Boaventura, 37 – Centro Tel (75) 3425-1070

Onde comer em Cachoeira
A culinária baiana é uma festa de cores e sabores. Das famosas moquecas e acarajés, passando pelos carurus e abarás, um prato especial é tipicamente do Recôncavo: a Maniçoba e em Cachoeira ou São Félix é possível apreciá-la.
A Maniçoba é um prato de origem indígena preparado com as folhas da mandioca, que devem ser trituradas e cozidas por longo tempo (aproximadamente uma semana, para que saia da planta o Ácido Cianídrico, que é venenoso), acrescidas de carne suína e bovina e temperadas com alho, sal, louro, e pimenta e outros ingredientes defumados e salgados. Geralmente é servida com arroz, farinha de mandioca e pimenta.
O prato também é encontrado no Estado do Pará, sendo um dos pratos principais dos Círios do Estado, como exemplo o Círio de Nazaré. Por isso a Maniçoba também é conhecida como Feijoada Paraense.

Experimente em:
A Confraria
Praça da Aclamação s/n – Centro. Tel: (75) 3425-1716.

Como chegar em Cachoeira
Distância da capital: 110Km

De carro/moto/bike
A principal via de acesso é a BR 420 que passa pela cidade de Santo Amaro e encontra com a BR 324 – São Félix / Salvador. Outra opção é pela BR 101 – ligação São Félix / Feira de Santana e cidades do Sul do estado.

De ônibus
A Empresa de Transporte Santana São Paulo opera a linha Salvador (BA) – São Félix diariamente. Telefone: (71) 3450-4951.

Serviços em Cachoeira
Secretaria de Cultura e Turismo – Rua Ana Nery, 27. Tel: (75) 3425-1390
Na cidade existem duas agências bancárias, uma do Bradesco outra da CEF.

São Félix
Já em São Félix a dica é fazer uma visita ao Centro Cultural Danemann, criado em 1989 pela mais antiga fábrica de charutos do Brasil, que tem a qualidade dos seus “puros” igualada aos cubanos.
Além de exposições, oficinas, seminários e cursos, a empresa mantém um Cine Clube e realiza o Festival de Filarmônicas e a Bienal do Recôncavo. No centro também é possível acompanhar uma parte do processo de fabricação dos charutos que é feito de forma artesanal e pode levar até 30 dias (entre montagem, secagem e acabamento).
A Dannemann S.A, criada pelo Alemão Gerhard Dannemann em 1873 em São Félix, hoje é uma multinacional.

Onde ficar e comer em São Félix
Pousada e Restaurante do Paraguassú
Avenida Salvador Pinto, 01 – Centro. Tel (75) 3438-3386/69.
Pousada Rio Doce
Praça Inácio Tosta, 01 – Centro. Tel (75) 3438-3484.

Serviços em São Félix
Secretaria de Cultura e Turismo
Rua Coronel João Severino da Luz Neto, 03. Tel: (75) 3425-2914 – ramal 39.
Na cidade só há uma agência bancária, a do Banco do Brasil e o Banco Postal do Bradesco, nos Correios.

Breve História sobre São Félix
A região era inicialmente habitada por índios tupinambás. Quando da chegada do homem branco, a primeira povoação formada se chamou freguesia de Nossa Senhora do Desterro do Outeiro Redondo; mais tarde freguesia de Senhor Deus Menino de São Félix, origem da cidade.
Até 1889, São Félix pertencia à Cachoeira.

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