
Monitoramento aponta alerta ambiental para rios que atraem 90% dos turistas para Mato Grosso do Sul – Foto: Divulgação/IHP
Um trabalho de monitoramento ambiental com sobrevoo por quase 500 km nas áreas de nascentes dos rios Betione, Prata e Salobra identificou, inicialmente, sinais de passivos ambientais que podem ameaçar a saúde desses recursos hídricos. Esses locais atraem quase a totalidade de turistas que visitaram o Estado neste ano.
O sobrevoo foi feito por equipe do Instituto Homem Pantaneiro (IHP) no dia 27 de novembro. A equipe informou que vem realizando ações de monitoramento ambiental nessas regiões há 10 anos. Essas nascentes monitoradas estão nos municípios de Bodoquena, Bonito, Jardim e em Miranda.
Entre os problemas ambientais identificados nesse trabalho estão redução de áreas de preservação permanente (APP), estresse no volume de recursos hídricos e mau uso do solo. Quando essas áreas de APPs são menores do que está exigido às regras da legislação, há risco de assoreamento mais intenso, por exemplo.
Nas áreas de nascente, são exigidos, pelo menos, 50 metros de vegetação em volta. Já no curso do rio, essa faixa de vegetação varia de acordo com o tamanho do curso d’água e nos locais monitorados ficariam entre 30 m e 50 metros.
O assoreamento dos rios Betione, Prata e Salobra pode gerar impacto econômico direto. Os três já são usados ou tem potencial para o uso no ecoturismo.
Além disso, eles deságuam no rio Miranda, que é um dos principais tributários para formar o Pantanal, com o rio Paraguai. A região turística Bonito/Serra da Bodoquena está inserida no Mapa do Turismo do governo federal.
Além disso, mais de 91% dos turistas que visitam Mato Grosso do Sul têm como destino a visitação dessas regiões dos rios cênicos, principalmente em Bonito (59,8%), Jardim (15,4%) e Bodoquena (15,9%). Os dados são da Inteligência Turística de MS (Alumia) e contabilizados para 2025, no período entre janeiro e agosto.
De acordo com o presidente do IHP, Ângelo Rabelo, as atividades de monitoramento que estão sendo feitas buscam garantir o uso sustentável do solo e dos recursos hídricos.
“Um ponto de atenção que alertamos é a escassez hídrica e, por isso, é importante salientar que nessas condições a água desses rios não devem ser desviadas para atender açudes, áreas de lazer de propriedades. Desvios como esses podem comprometer ainda mais o equilíbrio desse recurso.”
O biólogo do instituto, Sérgio Barreto, detalhou que o monitoramento aéreo é complementar para outras ações que são feitas no âmbito de georreferenciamento.
“Temos uma continuidade de trabalho na cabeceira do Pantanal por que são essas áreas que vão alimentar os recursos hídricos da planície. O levantamento aéreo foi importante para visualizar diferentes cenários. Existem casos de supressão vegetal, por exemplo, que podem ter autorização, mas identificamos áreas com falta de APP. Vamos realizar, agora, a etapa de análise dos dados.”
De acordo com o IHP, por conta dos potenciais problemas identificados nas nascentes, haverá um trabalho de análise de imagens para que possa ser identificado situações como possibilidade de desmatamento ilegal, necessidade de ações de recuperação de áreas com plantios. Além do instituto, proprietários rurais e instituições públicas também podem ser acionadas para haver um trabalho de recuperação.
A situação desses rios cênicos ainda chama a atenção pois eles encontram-se na bacia do rio Miranda, que atende 50% da população de Mato Grosso do Sul. A bacia abrange 44.740 km².
“Onde há a identificação de potenciais danos, é possível agir de forma emergencial para evitar que o passivo continue. Também é preciso atuar na recuperação desses territórios para garantir que rios de beleza extraordinária possam seguir sendo utilizados no ecoturismo, gerando recursos de forma equilibrada”, defendeu Rabelo.
Rios monitorados
A nascente do rio Salobra fica dentro do Parque Nacional da Serra da Bodoquena. O rio tem atrativo cênico por conta da sua translucidez, bem como a região de cânions que destaca grande exuberância da natureza e da biodiversidade.
A nascente e a foz do rio Betione ficam dentro do município de Bodoquena e há diferentes trechos que favorecem o ecoturismo.
A nascente do rio da Prata fica na divisa entre os municípios de Jardim e Bonito, em área de banhado, e possui grandes atrativos turísticos.
Todos esses três recursos hídricos monitorados pelo IHP deságuam no rio Miranda, formando a bacia que tem importância enorme para Mato Grosso do Sul.
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