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Coronel Ângelo Rabelo integra lista dos 50 nomes que transformam o mundo

Apenas quatro brasileiros foram reconhecidos pelo The Explorers Club 50 na lista divulgada neste ano

por Redacao
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Coronel Ângelo Rabelo, durante pôr-do-sol na Serra do Amolar, em Corumbá – Foto: IHP

O presidente do IHP (Instituto Homem Pantaneiro), Ângelo Rabelo, recebeu o reconhecimento e a nomeação para integrar o The Explorers Club 50 por ações diretas que vêm sendo feitas para ajudar a mudar o mundo, em especial o Pantanal.

A nomeação de 2024 foi divulgada neste mês e inclui apenas quatro brasileiros. Além de Rabelo, ainda foram nomeados a geóloga Fernanda Avelar Santos, o ictiologista Luiz Rocha e o designer naturalista Lvcas Fiat.

O grupo já atua há 120 anos para reconhecer e incentivar ações transformadoras ao redor do planeta. Nele há pesquisadores e exploradores que atuam nos mais diferentes lugares inóspitos do mundo e a partir de 2021 passou a existir uma indicação anual de 50 novos membros para aumentar a voz da ciência e da comunicação sobre a necessidade de conservação.

Exploradores brasileiros que integram a comunidade ainda são poucos. O primeiro foi o general Cândido Mariano da Silva Rondon, em 1919. Ele recebeu o reconhecimento após levar os telégrafos para o interior do Brasil, no começo do século XX, e consolidar as fronteiras até o então recém-criado Acre.

Ângelo Rabelo foi policial militar ambiental e tem uma atuação direta na conservação do Pantanal há mais de 40 anos. Essa nomeação soma novos esforços para alertar, em âmbito mundial, a necessidade de medidas de conservação no bioma.

As áreas úmidas estão em risco, ao mesmo tempo que representam um território fundamental para geração de emprego para comunidades tradicionais e povos originários e habitat de uma diversidade animal.

“Esse reconhecimento contribui para mostrar a importância de trabalhos que buscam conservar o Pantanal. O bioma enfrenta um cenário que é desafiador, estamos vendo a redução das áreas úmidas e os impactos dessa mudança ainda não sabemos como será. No Pantanal, os alertas não estão apenas na planície, que sofre com o fogo. É preciso um outro olhar para o planalto, local em que ficam as nascentes”, detalha Rabelo, que começou suas ações no Pantanal na década de 1980, ao lutar contra a caça e o tráfico de animais selvagens, principalmente para impedir a matança de jacarés.

Na ativa, Rabelo ajudou a combater o tráfico de animais silvestres, principalmente o abate de jacarés – Foto: Arquivo pessoal

No recém-criado Mato Grosso do Sul (1977), Rabelo ajudou a fundar a Polícia Militar Ambiental no estado e formou as primeiras equipes para atuarem no combate a crimes ambientais no Pantanal. Enquanto atuava no combate direto ao tráfico de animais selvagens no bioma, Rabelo ficou entre a vida e a morte ao ser atingido em uma emboscada. Outro companheiro que estava no mesmo barco acabou atingido com tiro na cabeça e morreu no local. Ele precisou ser submetido a várias cirurgias para ser salvo e conseguiu reabilitar-se anos depois do ataque. Conseguiu voltar para as ações de campo na PMA e se aposentou como coronel.

Rabelo buscou meios de seguir no trabalho de conservação e, em 2002, fundou o Instituto Homem Pantaneiro (IHP). Mais de 20 depois da fundação da entidade, o IHP desenvolve programas permanentes no Pantanal voltados para prevenir incêndios, criar corredores de biodiversidade, promover o desenvolvimento em comunidades e fomentar a pesquisa científica.

“As pantaneiras e os pantaneiros sempre lutaram pela conservação e mantém até hoje um grande respeito pelo Pantanal. Entendem que é dali que a vida deles faz sentido. Me ensinaram muito, o que deu ainda mais ânimo para seguir lutando pela conservação. O tráfico e a caça diminuíram, mas não acabaram. Mas os desafios mudaram e as possibilidade de proteção também. Hoje temos os créditos de carbono, em breve haverá o crédito de biodiversidade. As ações são emergências para garantir a sobrevida do Pantanal”.

A indicação de Ângelo Rabelo para a seleção do The Explorers Club foi feita por Dereck and Beverly Joubert, o casal sul-africano que dedica a vida para a proteção da vida selvagem no continente africano e contribuíram na pesquisa e estudos para a criação do filme Rei Leão. Eles são membros da comunidade após receberem a medalha de Exploradores em 2021.

A sede do The Explorers Club fica em Nova Iorque (EUA) e as ações do grupo tem dado apoio para expedições científicas que envolvem diferentes conhecimentos. O legado construído ao longo de mais de um século busca reforçar a importância que essa comunidade dá para que medidas de superação sejam implantadas e transformações positivas ocorram.

Nessa lista de conquistas estão envolvidos integrantes desse grupo e os feitos obtidos são a chegada do homem à Lua (1969) com Neil Armstrong, Edwin “Buzz” Aldrian e Michael Collins; a primeira vez que se chegou ao Polo Sul (1911), com Roald Amundsen, Olav Bjaaland, Helmer Hanssen, Sverre Hassel e Oscar Wisting; e ao Polo Norte (1909), com Matthew Henson e Robert Peary.

O The Explorers Club ainda promove, ao longo do ano, diferentes ações, entre expedições, campanhas, palestras e encontros (https://www.explorers.org/calendar-of-events/) como forma de aumentar as iniciativas globais de conservação e fortalecimento de comunidades em situação de vulnerabilidade.

O atual presidente do clube é Richard Garriott de Cayeux, empresário do setor de jogos e filho do astronauta Owen Garriott. Jeff Bezos, fundador da Amazon, e Buzz Aldrin, engenheiro e um dos primeiros astronautas a pisar na Lua, fazem parte da direção honorária do The Explorers Club. Fonte: Campo Grande News

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