Assim pode ser definido o Circuito Boi Verde de Julgamento de Carcaças, lançado pela Associação dos Criadores de Nelore do Brasil (ACNB) em 1999.
Configurado sob a forma de campeonato, a avaliação dos animais participantes tem sido utilizada como ferramenta pedagógica e indicativa das condições do rebanho nacional e das peculiaridades de cada região, visando dar subsídios para uma produção eficiente e rentável. No decorrer do tempo o campeonato ganhou força, visibilidade e respeito, sempre contando com a participação de quem realmente confia em sua proposta: os pecuaristas.
O Circuito Boi Verde já está em sua 8ª edição e no primeiro semestre deste ano apresentou um crescimento significativo. Nas nove etapas realizadas em seis estados brasileiros (ES, GO, MG, MS, MT e TO) e no Paraguai, foi registrada a participação de 4.602 animais de 93 pecuaristas (veja Box). Um número que exibe a importância do evento por todo o país e no exterior. Para este ano estão previstas mais nove etapas, com a inclusão de mais três estados.
Os resultados de 2010 são as primeiras mostras de como o ano está sendo positivo para o campeonato e a evolução da qualidade dos animais participantes é fruto do trabalho dos pecuaristas ao longo dos anos. O interesse dos pecuaristas em produzir carne com qualidade e que atendam o desejo do consumidor final também contribui para o sucesso da iniciativa. “Orientar os pecuaristas ao caminho certo, promover a busca pela qualidade da carne, tornar a produção mais efetiva, rápida e lucrativa. Esses são os desafios que nos propomos a vencer com o Circuito Boi Verde”, assinala Felipe Picciani, presidente da ACNB.
Uma das provas do crescimento da participação em 2010 aconteceu na etapa de Paranatinga (MT). O evento registrou um crescimento de 150% no número de animais em relação à etapa do ano passado (749 contra 298 em 2009). “A procura pelo evento aumentou muito, assim como a qualidade do gado também. Recebemos animais mais novos e com melhor acabamento de carcaça”, afirma Francisco da Silva Rondon Neto, comprador de gado do Frigorífico Marfrig, da unidade de Paranatinga.
Na opinião de Doncélio Guimarães, vencedor da etapa realizada em Araguaína (TO), o Circuito “é considerado importante por mostrar ao mercado a qualidade do nosso gado, que é criado totalmente a pasto”. Já para o pecuarista Epaminondas Andrade, proprietário da Fazenda Vale do Boi (Carmolânida/TO) e há muitos anos associado da ACNB, o campeonato tem um ponto forte. “Além de reunir os pecuaristas, temos a oportunidade de acompanhar de perto o julgamento in vivo, o abate técnico e recebermos orientações sobre como produzir carne com qualidade para atender a demanda do setor”, endossa.
Para a Nelore do Brasil crescer em quantidade é uma grande conquista, mas a qualidade está acima de qualquer critério e a cada etapa os competidores se mostram mais satisfeitos com o nível dos animais. André Bartocci, membro do Conselho Deliberativo da Nelore do Brasil e participante do Circuito Boi Verde desde 2003, esteve presente na etapa de Bataguassu (MS) e afirmou que as carcaças apresentadas tinham bom acabamento, eram precoces e estavam com pesos padronizados. “Sem dúvida, cada etapa é uma amostragem da eficiente, sustentável e moderna pecuária de pasto brasileira”, conclui.
Na ocasião a Fazenda Araçatuba (Anaurilandia/MS) foi a campeã e de acordo com Antonio de Freitas de Andrade, gerente responsável pelos abates da fazenda, o motivo da vitória é que há 20 anos a propriedade trabalha com seleção de matrizes e touros da raça Nelore, escolhendo sempre os melhores exemplares para alcançar precocidade, peso e bons índices de cobertura de gordura. “Antes de aplicarmos a seleção genética no rebanho de corte, os animais eram abatidos com cinco anos, hoje abatemos com 36 meses”, afirma Andrade.
Outra finalidade do campeonato é apresentar para o mercado as características do Nelore para produção de carne de qualidade. Fábio Porto, presidente da Associação Goiana do Nelore – AGN foi o vencedor da etapa de Anápolis (GO) e segundo ele, os resultados do campeonato comprovam o excelente desempenho da raça em relação à conversão alimentar, ganho de peso e rendimento de carcaça. “As ações de fomento da Nelore do Brasil, entre elas o Circuito Boi Verde, são de grande importância para o setor, pois incentivam o pecuarista a produzir com maior rapidez animais padronizados”, declara.
“O campeonato cumpre sua função de analisar as diferentes realidades brasileiras e classificar os melhores desempenhos do Nelore nos diversos estados e orienta os produtores sobre a importância dos lotes padronizados, em relação à raça, sexo, idade, peso e acabamento”, afirma Guilherme Alves, coordenador do Circuito Boi Verde e gerente de produto da ACNB. “Os animais que conquistam as melhores pontuações apresentam até quatro dentes incisivos permanentes (abaixo de 36 meses), peso entre 17 e 20 arrobas e cobertura de gordura de 3-6 mm de espessura sobre o contra filé”, completa Alves.
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