O diretor-geral da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), Bernard Vallat, disse ontem (28) que a conquista, pelo Brasil, do status de livre de aftosa, que atinge principalmente o rebanho bovino, depende do controle da doença em países vizinhos. Segundo ele, o país já tem mais de dois terços de seu território livre da doença com vacinação e é um “exemplo de política de controle eficaz de enfermidades”, mas tem áreas de fronteira que ainda são de alto risco.
“É preciso assegurar que países por onde circula o vírus da doença, como Venezuela e Equador, adotem uma política de vacinação muito dura”, disse. “É possível a erradicação total em breve, mas não sei quando, porque em alguns estados o trabalho de vacina é muito difícil por razões logísticas, como o Amazonas”, afirmou Vallat, comentanto a meta, anunciada no ano passado pelo ex-ministro da Agricultura Reinhold Stephanes e reforçada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de erradicar a doença até o final de 2010.
O atual ministro, Wagner Rossi, no entanto, não se mostrou confiante com a meta. “Eu não sei quem estabeleceu essa meta. Eu não fui”, afirmou. Depois, informado quem tinha estabelecido a meta, Rossi disse que o país está ajudando na imunização da doença em países de fronteira, para acelerar a conquista do status de livre com vacinação por todo o país.
“Ah, bom. Se o presidente Lula falou, tá falado. Eu acho que é possível com vacinação. Estamos avançando em várias partes do país e, sobretudo, sobre o território dos nossos vizinhos, para ajudá-los”, afirmou. Segundo Rossi, não adianta o país estar livre da doença se ela existir nos países vizinhos, porque isso ameaçaria as fronteiras do país e o plantel de gado bovino nacional.
Vallat, que veio ao país para participar de um congresso de médicos veterinários, aproveitou para ver o trabalho feito para erradicação da aftosa na fonteira com a Bolívia, no estado de Rondônia. Ele ressaltou que o país deve adotar a estratégia de ir avançando aos poucos nas áreas reconhecidas livres sem vacinação, começando pela Região Sul, onde o controle está mais avançado. Atualmente, apenas Santa Catarina tem esse status. Segundo o diretor, o Paraná deve ser o próximo estado a conseguir esse reconhecimento pela OIE.
Agencia Brasil