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Lavoura-pecuária agrega produção e conservação no Cerrado

por Redacao
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Diante da perspectiva de aumento na demanda global por alimentos, a integração lavoura-pecuária pode se tornar alternativa viável para evitar a abertura de novas áreas de vegetação nativa no Cerrado e associar conservação à produção de alimentos no segundo maior bioma do país. Sob o estonteante ritmo de devastação de cerca de 20 mil quilômetros quadrados por ano – o dobro do registrado na Amazônia – o Cerrado brasileiro já perdeu 48% de sua cobertura original para plantações de soja, pecuária e exploração de madeira. Segundo dados divulgados pelo Ministério do Meio Ambiente e pelo IBAMA, nos últimos seis anos, a pressão da lavoura e do gado foi responsável pela abertura de uma área de 127 mil quilômetros quadrados.

Objeto de estudos há mais de 20 anos pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, as vantagens da rotação entre áreas de pasto e de lavoura em uma mesma propriedade, ou integração lavoura-pecuária, permitem intensificar o uso das áreas já abertas, com ganhos de produtividade bastante interessantes para os pastos com deficiência de nutrientes. “A taxa de lotação média no Cerrado é de uma cabeça de gado por hectare. Se aumentarmos esse número para 1,4 cabeça, 11 milhões de hectares poderão ser alocados para outros usos”, explica o pesquisador da Embrapa Cerrados, Lourival Vilela, para quem a técnica ainda pode aumentar a produtividade no Cerrado em pelo menos 50% sem a abertura de novas áreas. “O principal obstáculo para a implantação da técnica é a falta de informação do produtor, mesmo com ganhos diretos há resistência para mudanças”, diz Vilela. 

Entre as vantagens, o pesquisador enumera a melhora na qualidade química, física e biológica do solo; a quebra no ciclo de pragas e doenças nas lavouras; e a diminuição dos riscos de produção e de preço, pois há diversificação de atividades, uma vez que o produtor pode investir em diversas alternativas simultaneamente. Há também ganhos de produtividade. Enquanto cada hectare de pasto formado pelo sistema proporciona de 15 a 40 arrobas (em equivalente carcaça) por ano, a mesma área no sistema tradicional produz de 3 a 4 arrobas.

O Governo demonstra preocupação ante a devastação do bioma. Considerado “a caixa dá água do Brasil”, o Cerrado concentra as nascentes das bacias hidrográficas do São Francisco Araguaia-Tocantins e do Paraná-Paraguai e a deterioração desses sistemas pode colocar em risco o abastecimento de água, tanto para consumo humano, quanto para a geração de energia elétrica. Em uma série de medidas anunciadas este mês, o Ministério do Meio Ambiente prometeu realizar um ordenamento territorial do bioma e criar novas unidades de conservação, além de implementar planos de bacias. A previsão orçamentária para o chamado Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento do Cerrado (PPCerrado) até 2011, é de R$ 400 milhões.

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