Autoridades sanitárias dos Estados Unidos detectaram um novo problema em um lote de carne processada produzida pela unidade industrial do grupo JBS em Lins/SP. A comunicação oficial da nova inconformidade deve ser feita em alguns dias ao governo brasileiro, mas a JBS já ampliou a varredura em seu processo produtivo para identificar onde exatamente está o problema.
O novo problema pode atrasar a retomada das exportações brasileiras de carne aos EUA, suspensas desde 27 de maio pelo próprio Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), de forma preventiva, por causa do excesso de resíduos de medicamentos encontrados no produto final.
Diante de ameaça, um grupo de indústrias frigoríficas pediu na quinta-feira ao ministro da Agricultura, Wagner Rossi, ajuda para acelerar a reabilitação das vendas aos EUA. A estratégia do setor é circunscrever o problema à essa unidade da JBS para liberar as demais plantas do grupo e de outros frigoríficos para exportar aos EUA. Dirigentes de Marfrig, Minerva, Cooperfrigo, Frialto, Frisa e Brasil Foods estiveram na quinta-feira com Rossi para obter esse “sinal verde”, informou uma fonte.
Na próxima semana, o ministério enviará aos EUA os primeiros comunicados de liberação de indústrias. A unidade da JBS, antes controlada pelo grupo Bertin, deve ficar um bom tempo fora do mercado americano, mas poderia redirecionar suas vendas a outros mercados, avalia o ministério. Procurada, a JBS não respondeu aos questionamentos.
Especialistas em sanidade consultados trabalham com duas hipóteses para os problemas na unidade do JBS. Poderia ter havido um descontrole na adição de gordura, colágeno ou extrato ao produto final ou ser uma questão vinculada a procedimentos na produção dos animais. Como é permitido adicionar até 15% de gordura, por exemplo, poderia haver uma concentração do vermífugo que não é eliminado do produto final. Também poderia ser um problema no controle da vermifugação do rebanho confinado do JBS.
O Ministério da Agricultura informou que enviará às autoridades sanitárias americanas a reabilitação de “uma ou duas plantas” na próxima semana após os procedimentos de aperfeiçoamento da fiscalização federal e monitoramento dos lotes de carne embarcados pelas indústrias. Especialistas em laboratórios do ministério estão nos EUA para esclarecer os métodos usados nos EUA na detecção dos excessos de resíduos de medicamentos na carne brasileira. Há uma divergência bilateral. O Brasil defende o método de detecção no fígado bovino, e não no músculo ou produto final, como adotado pelos EUA. O governo brasileiro espera convencer os americanos a aceitar o padrão adotado no Brasil, já que esse seria o método reconhecido internacionalmente.
Valor Econômico/ por Mauro Zanatta.